70
anos de história é um legado de incontornável importância que incrementa a
responsabilidade de todos aqueles que integram a comunidade do Futebol Clube do
Bom-Sucesso, de bem servir o clube e a memória dos seus fundadores e de todos
aqueles que fizeram perdurar o bom nome do clube, com honra e lealdade.
A
fundação do clube, oficialmente está datada de 10 de abril de 1952, na
freguesia de Aradas, periferia das cidades de Aveiro e Ílhavo, produto de um
mero acaso de um sorteio cujo primeiro prémio era um conjunto de equipamentos
desportivos, e pela determinação de uma dezena de jovens, que à época foram
capazes, de o criar juridicamente.
A
primeira sede foi na Rua da Capela, num prédio que hoje já não existe. Nessa
altura pouco ou nada existia, do que a força de vontade e umas tantas
camisolas, e assim, de baliza às costas, se ia para os jogos, como ilustra uma
das fotos que está na sede do clube, exemplar único, que expõe a primeira
equipa com o seu equipamento, e atletas calçados com boas botas “pé descalço”,
porque à época não dava para mais.
Contudo,
há quem defenda que a sua criação foi anterior a 1952, argumentando a existência
de um ofício timbrado do clube com a filiação na Associação de Futebol de
Aveiro a 3 de dezembro de 1949.
Os
primeiros estatutos foram escritos à máquina de escrever e em papel selado, por
Augusto da Rocha Dias, tendo sido remetidos para Lisboa ao cuidado do Ex. Sr. Ministro
da Educação Nacional através da AFA. Como o clube, não tinha sede, já que tinha
sido encerrada pela GNR, porque a coletividade não estava devidamente
legalizada, houve perda de correspondência, nomeadamente sobre a aprovação dos
estatutos. O que originou um novo pedido da AFA a solicitar uma nova filiação
para a época de 1950/51.
Os
estatutos viriam a ser aprovados por despacho em 22/01/53 com a publicação no
Diário da República nº 21-III-Série de 26 do mesmo mês e ano.
Faziam
parte da equipa de futebol que representava a coletividade, Casimiro da Cruz,
António Madail, Rogério, Pia, Valente, Bizarro, Baleca, Ramos, Silva, Barreto,
Brandão, Castro, Augusto, Palavra, Bartolo, Alziro, José Moleiro, Gateira,
Manuel Dias e Armindo.
Na
altura os sócios pagavam dois escudos e cinquenta cêntimos de quota por mês,
para poderem ter direito a passar uns bons momentos na sede clube, onde podiam
jogar às cartas, damas, bilhar russo e uns matraquilhos que eram uma das
principais fontes de receita. Havia também um pequeno bar explorado pelo clube,
gerido pelo Sr. António Marques Rebelo, “O Beruel” alcunha que tinha herdado do
seu sogro.
A
coletividade embora filiada nunca disputou jogos oficiais, por não estar
devidamente oficializada.
Faziam-se
jogos amigáveis, que nem sempre eram, com as equipas das redondezas: Quinta
Valadense, Académica de Ílhavo, Atlética de Avanca, Amoreira da Gândara,
Fermentelos, entre outros.
Quando
os jogos se realizavam fora recebia-se 100 escudos, os quais serviam de caução
para sujeitar o clube visitado a retribuir a visita. Quando os jogos eram
realizados no campo considerado como sendo do Futebol Clube do Bom-Sucesso, o
clube tinha de entregar essa caução.
O
campo utilizado pelo clube, era um que existiu no Casal, em Ílhavo, pertença da
C.M. de Ílhavo, onde se encontra hoje uma escola secundária. Também se
utilizava com alguma frequência o campo da Quinta Valadense, que existiu na
Quinta do Sr. Duarte Tavares Lebre, nas Quintãs.
De
referir que quer um campo, quer outro, não tinham balneários. Por aqui se pode
avaliar as dificuldades existentes à época, para os jogadores que utilizavam
esses recintos de jogos.
As
balizas, nessa altura, eram em madeira e com o tempo acabavam por apodrecer. Como
a Câmara, proprietária do recinto, não as substituía, o clube foi forçado a
apropriar-se de uns quantos eucaliptos do pinhal, para servirem de balizas. Estas
só eram colocadas nos dias dos jogos e depois retiradas, e guardadas em casa do
Sr. Azeiteiro, que morava próximo e sempre colaborou com o clube. Todo o
cuidado era pouco, não fosse algum infortúnio e no jogo seguinte podia não
haver balizas.
Passaram-se
vinte e cinco anos, e um grupo de homens juntou-se para dar forma ao clube.
Efetuou-se a primeira reunião, no restaurante, Abílio dos Frangos, e sentados a
uma mesa, discutiu-se o estado do clube, e o que realmente se pretendia fazer
dele, isto após o 25 de abril de 1974. Nessa altura havia a “moda” de se
criarem coletividades, exemplo disso foi: Sadara, G.D. Verdemilho, ADAC, entre
outros. Foi então que se pensou em criar o património desportivo do clube, e à
mesma mesa, ficou decidido, angariar junto do povo da terra fundos de maneio, enquanto
se dava a conhecer as ideias para o clube. Conseguiu-se transmitir a vontade de
trabalhar para um bem comum, o clube. A divulgação e angariação foram bem-sucedidas,
tendo sido obtida a quantia de 300 mil escudos, a que se juntou o valor de 44
mil e 800 escudos saídos da mesa da primeira reunião. Além disso, foi possível
inscrever um bom número de sócios, que pagavam uma quota de 20 escudos. Tudo
isto tornou possível a renovação do clube.
Com
os fundos angariados, partiu-se à procura de um terreno para implementar o
clube, mas infelizmente não havia terrenos disponíveis, nem em Verdemiho, nem
na Quinta do Picado ou Aradas.
Foi
contactada a direção da ADAC, com a finalidade de construir um parque
desportivo para toda a freguesia, mas não se obteve resposta. Assim, os únicos
terrenos disponíveis e que podiam ser adquiridos, foram os atuais, que compõem o
complexo desportivo. Na altura, um terreno pantanoso, com duas valas, uma por
cima e outra por baixo, chamado de “Costeira”. Não havia outra solução, se não
pôr mãos-à-obra, já que não existiam acessos. Havia muito barro, lama e muita
água, mas tudo se venceu. Para a construção do campo foram necessárias mil e
seiscentas camionetas de terra, para que fosse possível nivelar o terreno.
Fez-se
o campo, e foi inaugurado. Contudo, era estreito, uma das valas de água não
permitia alargar o campo. Entrou-se em contacto com os proprietários da Fábrica
de Porcelanas da Quinta Nova, com o objetivo de obter a cedência de uma parcela
de terreno, uma rampa de dezasseis metros de largura, para que fosse possível
ter o campo com as medidas regulamentares. A fábrica ofereceu o terreno. Como
não havia acessos, foi preciso abrir uma estrada, que é hoje a Rua do Futebol
Clube do Bom-Sucesso. Para abrir a rua, houve outro obstáculo, o dono do
terreno por onde a rua iria passar, não quis ceder graciosamente uma pequena
parcela, obrigando à sua aquisição, que custou 20 mil escudos, à época era
muito dinheiro.
Trabalhou-se
aos sábados e domingos, porque não havia outros recursos, mas todas as
dificuldades foram vencidas.
Depois
da construção do campo, questionou-se, à mesa de reunião, a hipótese de
construir um Pavilhão. Contudo, os recursos financeiros do clube eram escassos.
Realizou-se então um sorteio com rifas, que rendeu 480 mil escudos. Foi com
esta verba que se iniciou a obra, com um artista, dois serventes e mais alguém
para orientar e ajudar. Foi assim que passados três anos, o Pavilhão foi
inaugurado no dia 13 de outubro de 1985, num grande dia de festa e alegria,
depois de tantos sacrifícios passados. Foi desta forma que se iniciou a
modalidade do Hóquei em Patins, entre outras.
Os
anos passaram, mas os sonhos ficaram, havia que comprar o terreno entre o
Pavilhão e a estrada. Passados treze anos concretizou-se esse sonho, a
ampliação do complexo desportivo.
Construi-se
a nova sede e balneários para o futebol, porque os existentes estavam em más
condições. Compraram-se carrinhas para o clube. Melhorou-se todo o complexo
desportivo e trabalhou-se a sério a parte educativa e desportiva.
Com
o desenvolvimento das cidades de Aveiro e Ílhavo para a área urbana de Aradas,
fez com que as instalações desportivas do clube, se integrassem em plena cidade
de Aveiro, paredes meias com a cidade de Ílhavo.
Esta
integração em ambas as cidades, que apresentam um tecido urbano de elevada
densidade, incrementou a procura e proporcionou um desenvolvimento ímpar
comparativamente a idênticas associações desportivas da região.
Com
o desenvolvimento, em particular nos anos 80, da Universidade de Aveiro para a
zona sul do Campus Universitário, a proximidade às instalações do clube, veio
trazer novo foco de crescimento, agora associado a uma massa crítica mais forte
e com maior capacidade de intervenção na comunidade.
Novas
modalidades foram criadas para além da originária, o Futebol, das quais merece
maior destaque a de Hóquei em Patins, que rapidamente granjeou um elevado
prestígio na Região e no País, face à sua integração nas divisões principais
desta modalidade em Portugal.
Apesar
do seu crescimento desportivo e competitivo, o clube sempre deu predominância,
no quadro dos seus valores, aos escalões de formação e ao desenvolvimento das
capacidades cognitivas e motoras das crianças desta vasta região.
O
Futebol Clube do Bom-Sucesso está reconhecido pelo Estado Português, como uma
instituição de “Utilidade Pública”, o que revela da responsabilidade social do
clube junto da comunidade.
Na
sua dimensão social, o clube garante que nenhum jovem será excluído da prática
desportiva por qualquer razão de índole financeira, cultural, ideológica,
rácica ou de género.
Assim
se explica como nasceu e desenvolveu o Futebol
Clube do Bom-Sucesso, foi preciso muita Coragem, Perseverança e Abnegação para vencer todos os obstáculos.
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